Ação inovadora, com humanização, inclusão, compartilhamento de saberes, trocas de expertise e construção de elos entre setores da Universidade. Sob este cenário, nasceu e vem se desenvolvendo o Projeto Pro Fut Down, e com ele, práticas que vêm propiciando muitos benefícios aos pacientes com Síndrome de Down atendidos na Policlínica Piquet Carneiro (PPC).


O projeto é uma parceria entre o Núcleo Odontológico de Radiologia e Atendimento a Pacientes com Necessidades Especiais e o Instituto de Educação Física e Desportos (IEFD). A iniciativa reforça valores mantidos pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) – de inclusão social e desenvolvimento de modelos de inovação na assistência, ensino e extensão.

Marcelo Daniel Brito Faria, professor titular de Radiologia da Faculdade de Odontologia (FO) da UERJ, idealizador e coordenador do projeto, ressalta que o objetivo é promover a saúde e qualidade de vida, minimizando o quadro de sedentarismo, auxiliando na percepção, na criação e constância de hábitos saudáveis, e, assim, combatendo fatores precursores de doenças crônicas e a obesidade de crianças e adolescentes portadores de Síndrome de Down, atendidos na clínica.

O professor Marcelo Faria conta-nos que a iniciativa surgiu após ele próprio observar crianças atendidas no Núcleo e que, após o atendimento recebido, continuavam lá se divertindo na brinquedoteca existente no setor. Em certa oportunidade, conversando com a família de uma das crianças, indagou aos pais sobre o porquê de permanecerem ali, após o atendimento, e, em respostas, os pais alegarem que em casa eles não tinham o que fazer para entretê-la.

Esta resposta sensibilizou o professor que, junto a outros profissionais da Universidade, procurou intuir e viabilizar maneiras de inclusão social para estas crianças que precisam de acompanhamento especial. “Daí nasceu o projeto, que vem se desenvolvendo sobretudo em face do envolvimento de muitos profissionais e de parceria com muitos setores – todos devotados à ideia e ao valor da inclusão social. É uma construção coletiva. Sem dúvida, para nós, é uma felicidade ver a alegria das crianças e das suas famílias, algo de grande interesse pelo projeto; assim como perceber que institutos diferenciados dentro da Universidade podem ter e compartilhar iniciativas e experiências”, destaca o professor.

 

Criação de elos

Ressaltando as parcerias, o professor Marcelo Faria cita os professores Gustavo Casimiro Lopes, coordenador do Laboratório de Fisiopatologia do Exercício (LAFE); e Luciana Freitas Bastos, coordenadora da Odontologia da Policlínica Piquet Carneiro (PPC). Por meio deste compartilhamento de ideias e interseção de saberes, são desenvolvidos testes especiais e atividades lúdicas, esportivas e recreativas, com o propósito de promover a inclusão social e a interação de todos. “Este trabalho não se faz sozinho. Esta interface nos traz uma informação mais qualificada, trabalho de equipe, novas percepções, e, assim, caminhando por pequenas células, vamos avançando em nossos objetivos”, ressalta.

Ainda reforçando o valor das parcerias, o coordenador do Pro Fut Down destaca o suporte do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Comunicações (MCTI), que possibilita suporte no desenvolvimento de publicações e articulação de ações, além da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do RJ e a Secretaria de Saúde do Estado do RJ – estruturas essas que possibilitam, entre outras ações, a geração de empregos para ex-alunos da Universidade e o atendimento a muitos pacientes, portadores de necessidades especiais, que encontravam-se com muitas dificuldades, em meio a uma enorme fila no sistema de regulação de vagas do estado e município, e então, com o projeto, passam a ter acesso a exames tais como tomografias de face, entre outros exames e benefícios.

 

Integração e inclusão

Dentro da dinâmica do projeto, explica-nos o coordenador, através de testes salivares é possível fazer marcadores biológicos e ver [acompanhar] a saúde de cada criança e adolescente atendido, ao longo de um ano, com a prática de atividades esportivas e lúdicas, que ocorrem de duas a três vezes na semana. Há grupos de controle com crianças portadoras de necessidades especiais e grupos de controle com crianças não portadoras. “Ao final de um ano, iremos fazer a fusão de crianças que têm necessidades especiais com crianças que não as têm. E aí, efetivamos e fortalecemos o conceito de inclusão social”, explica o professor.

Aproximadamente de 30 a 40 profissionais, de diversas áreas, estão envolvidos diretamente com o Pro Fut Down – assim potencializando inter e multidisciplinaridade na Universidade. Entre os profissionais envolvidos estão dentistas especialistas em pacientes com necessidades especiais, dentistas especialistas em Endodontia, especialistas em Periodontia, encontram-se radiologistas, técnicos em raios X, profissionais da parte administrativa, além de psicólogo e anestesistas.

Há perspectiva de ampliação de orçamento para 2020. Estão previstas, também, integração com universidades internacionais, a destacar as universidades de Coimbra e Porto, além de intercâmbio científico do núcleo e capacitação para as redes estadual e municipal.

“Acho que este projeto é uma vitória de todos: dos institutos e setores envolvidos, dos muitos profissionais engajados, da direção da PPC, enfim, da Universidade como um todo, que visa continuamente ampliar o olhar, sempre mantendo compromisso com a humanização, o avanço da integralidade, e buscando constantemente gerar oportunidades, melhorar a comunicação, a inclusão e a qualidade de vida da sociedade”, conclui o coordenador do Pro Fut Down.



Por Felipe Jannuzzi
Jornalista do CAPCS / UERJ