A interação entre adolescentes e as novas tecnologias de informação e comunicação através da Internet e jogos online/off-line atualmente representa um novo desafio para pais e profissionais de saúde e de educação.  Smartphones, notebooks, computadores e tantos novos equipamentos e aplicativos fazem parte da rotina dos adolescentes e estão acessíveis como se fossem uma extensão de suas mãos.

Estas novidades são atraentes como entretenimento e informações, mas trazem também situações de risco envoltas nos comportamentos e relacionamentos adolescentes, tanto com as famílias e amigos como nas escolas.

CAPCS – Fale-nos mais, por favor, sobre os efeitos da interação entre adolescentes e jogos online.

Evelyn Eisenstein – Na tensão, na concentração do jogo, o adolescente vai liberando um neurotransmissor chamado dopamina. Pesquisas mostram que, quimicamente, em, aproximadamente, 8 a 10 minutos participando de jogo violento online, você libera dopamina na mesma proporção que, por exemplo, o ato de estar cheirando cocaína. Aí muitos falam: O adolescente está dependente… Ele não larga o jogo…. Mas precisamos entender todo um processo corporal, bioquímico, cerebral, mental, emocional. E repercutido no social a no âmbito lucrativo dos meios… BVS Adolec – Falta, sobretudo, a mensagem de saúde…

CAPCS – Falta, sobretudo, a mensagem de saúde…

Evelyn Eisenstein – Sim. Todos estes materiais, vídeos, jogos, filmes, eles não têm a mensagem principal: Como o adolescente está se sentindo. Como superar as dificuldades. Como procurar uma ajuda. Recentemente, um jogo e uma série trouxeram à mídia a questão do suicídio juvenil. Houve muita polêmica se deveríamos ou não abordar tema tão delicado na mídia. Vale ressaltar, a Society for Adolescent Health and Medicine (SAHM) ou a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) não são contra a mídia refletir sobre o tema. Mas o que ambas as sociedades científicas recomendam é que não pode faltar, em hipótese alguma, como contraponto, esta mensagem principal de ajuda e acolhimento ao adolescente. E, à época, faltou, e continua faltando, esta mensagem, em muitos programas televisivos e digitais, inclusive. É vital o adolescente ser orientado e encaminhado a buscar uma ajuda, ser ouvido, entender a razão da massificação da violência. Refletir sobre a razão de estar “se distraindo” com um jogo violento, de guerra, ao invés de estar, por exemplo, jogando bola com amigos, praticando alguma atividade ao ar livre, dando vida a alguma atividade efetivamente educativa, cultural, esportiva ou musical, por exemplo.


* Entrevista e matéria por Felipe Jannuzzi. Jornalista, editor executivo da Revista Adolescência & Saúde.